domingo, 5 de julho de 2009

Constantinopla

O centro administrativo do império tendia a voltar-se mais para o Oriente, por múltiplas razões. Primeiro pela necessidade de defesa das fronteiras orientais; depois porque o oriente havia se tornado a parte econômica mais vital do domínio romano; por fim Roma era uma cidade rica de vestígios pagãos, o que agora era inconveniente num império cristão: seus edifícios, sua nobreza senatorial, apegada à religião tradicional. Assim Constantino decretou a construção de uma nova capital, nas margens do Bósforo, onde havia a antiga fortaleza grega de Bizâncio, num ponto de grande importância estratégica, nas proximidades de dois importantes setores da limes: a região do baixo Danúbio e a fronteira do Império Sassânida. A nova cidade, que recebeu o nome de Constantinopla, isto é, "cidade de Constantino", foi concebida como uma "nova Roma" e rapidamente tornou-se o centro político e econômico do Império. Sua criação teve repercussões também no plano eclesiástico: enquanto em Roma a Igreja Católica adquiriu mais autoridade, em Constantinopla o poder civil controlou a Igreja. O bispo de Roma pôde assim consolidar a influência que já possuía, enquanto em Constantinopla o bispo baseava seu poder no fato de ser bispo da capital e no fato de ser um homem de confiança do Imperador.[11]

O Império cristão

O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito de Milão,[9] assinado durante o império de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente), no mesmo dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã do imperador da porção oriental do Império. Com este édito, o Cristianismo deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do Império.

O Cristianismo tornou-se a única religião oficial do Império sob Teodósio I (379-395 d.C.) e todos os outros cultos foram proibidos.[10] Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja. A decisão não foi aceita uniformemente por todo o Império; o paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do Império e a tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.

As divisões administrativas do Império Romano em 395, sob Teodósio I.

Tetrarquia

Os tetrarcas, uma escultura porfíria, saqueada de um palácio Bizantino em 1204, tesouro de São Marcos, Veneza.

A Tetrarquia foi um sistema de governo criado pelo imperador romano Diocleciano, como forma de resolver sérios problemas militares e econômicos do império romano.

Diocleciano dividiu o seu poder sobre o império entre os sectores orientais (pars Orientis) e ocidentais (pars Occidentis). Manteve o controle pessoal do sector leste e o seu colega Maximiano controlou o ocidente. Diocleciano não dividiu propriamente o poder com seu companheiro de armas Maximiliano, pois, na realidade, Diocleciano estava colocado em posição superior à de Maximiliano. A partir daí, o Império passou a ter dois Augustos, cada qual com exército, administração e capital próprios, embora Diocleciano continuasse a ser o chefe do Estado, representando a unidade do mundo romano.

Em 305, Diocleciano retirou-se à vida privada e induziu Maximiano a fazer o mesmo.[8]

Recuperação e estabilização (268 - 285)

A recuperação do Império veio por fases: Cláudio II, o sucessor de Galiano, começa por infligir uma grande derrota aos godos (270) mas, atingido pela peste, morre antes de poder restaurar o Império. Aureliano, o seu sucessor, será mais bem sucedido. Em 4 anos, reincorpora no Império as Gálias e derrota Zenóbia, recuperando assim o Oriente. Sinal dos tempos, dota Roma da sua primeira muralha desde as invasões Gaulesas que haviam ocorrido já fazia mais de 650 anos. Administrador duro e competente, estaria prestes a iniciar uma guerra contra os Persas, quando é assassinado (275); com ele, pela primeira vez, os imperadores romanos são adorados como deuses em vida.

Após alguns anos, em que o Império mergulha uma vez mais na anarquia e na invasão, surge um novo e eficaz imperador, Probo (276-282), que consegue estabilizar a situação. Após o seu assassínio e os breves reinados de Caro e dos seus filhos, eis que surge o homem que irá enfim pôr ordem no império, Diocleciano (285).

Valeriano e Galiano: Fragmentação e Derrota, Soluções para o Futuro (253 - 268)

Valeriano I associa ao trono o seu filho Galiano, atribuindo-lhe a parte ocidental do império e reservando para ele a parte oriental. Durante este tempo, o império estava a ser invadido por vários povos, nomeadamente godos e alamanos, e ao mesmo tempo surgiam usurpadores. Em 258, Póstumo declara-se imperador na Gália, dando origem assim ao Império das Gálias, ao qual Galiano, demasiado fraco, não pode opôr-se com eficácia. No Oriente, os persas avançaram, com alguma resistência de Valeriano no início, mas com o Exército Romano dizimado pela peste, tenta negociar a paz com rei sassânida Shapur I, apenas para se ver aprisionado, humilhado e mais tarde morto (260).

O seu filho Galiano tenta manter a notícia da captura e morte do seu pai um segredo, mas apenas o consegue durante um ano; por esta altura, desencadeia-se uma sequência de usurpações, em parte como resposta local às situações de necessidade perante as invasões, em parte como tentativa de dar solução aos problemas. Galiano, demasiado ocupado a derrotar usurpadores e invasores diversos, deixa que, no Ocidente, o Império das Gálias se desenvolva, e no Oriente, que o reino de Palmira se apodere de território romano, mas que Roma já não está em condições de defender.

Aos poucos, a situação vai melhorando: Galiano consegue ir derrotando ou ver assassinados sucessivamente os seus rivais, reforma o exército e consegue uma grande vitória contra os bárbaros (268) antes de ser assassinado; no Oriente, o reino de Palmira, inicialmente sob o comando de Odenato, e mais tarde, da sua viúva, Zenóbia, consegue deter os persas, mas apoderando-se cada vez mais de território romano. Caberá aos sucessores de Galiano recuperarem e reunificarem o Império pela primeira vez em 15 anos.

Moeda cunhada por Valeriano I.

Usurpadores e derrotas (244 - 253)

Filipe celebra o milénio de Roma (247) com pompa e fausto. Mas a situação volta a piorar. Generais nas províncias revoltam-se e proclamam-se imperadores. Ao tentar lidar com um deles, Décio, o comandante que Filipe despachara para lidar com a revolta, é por sua vez proclamado imperador; defronta Filipe em batalha e este é morto pelas tropas (249).

O novo imperador adoptou uma política dura e conservadora como forma de lidar com os problemas do Império; assim, perseguiu os cristãos e travou guerra contra os godos, na qual acabaria por ser derrotado e morto (251). Outros usurpadores ocuparam brevemente o trono durante este tempo. Em 253, Valeriano I ascenderia por sua vez ao trono e, com ele, o Império iria descer ao seu ponto mais baixo.

Anarquia militar: os imperadores-soldados (235 - 285)

Durante os próximos 50 anos, o Império iria sofrer usurpações, derrotas e fragmentação; imperadores seriam assassinados, mortos em batalha ou pelos seus rivais, num desespero para encontrar uma solução e por fim, surgiria o Dominato, a monarquia absoluta, a qual removeria os poucos traços republicanos que Roma ainda conservava, por forma a dar ao império um último fôlego.

Após a morte de Alexandre Severo, o império caía uma vez mais nas mãos dos generais. Maximino, o Trácio é proclamado imperador pelas tropas e durante três anos prossegue com a guerra, devastando os povos germânicos; como este esforço militar exigia muito dinheiro, começaram a aumentar os abusos por parte dos funcionários imperiais em relação aos impostos. Em África esses abusos foram notórios e provocaram uma revolta (238). Proclamaram imperador o senador Gordiano, o qual associou o seu filho, Gordiano II, tendo o senado de Roma reconhecido a nomeação; Gordiano II foi morto numa batalha, e Gordiano I suicidou-se ao saber da notícia. Maximino Trácio, ao tentar dirigir-se a Roma para suprimir a revolta, deparou-se com resistência inesperada por parte da cidade de Aquileia, e os seus soldados, furiosos, mataram-no. O neto de Gordiano, Gordiano III, foi proclamado imperador e aceite por todos.

Entretanto a situação do império complicava-se. No Oriente, começa uma guerra contra os sassânidas; Gordiano III enfrenta-a, mas morre em batalha ou é morto durante a retirada (244). O seu prefeito do pretório, Filipe, proclama-se imperador.